M. Donô - Feitos do Cavaleiro da Triste Figura --*

Com o tempo aprendi que não posso abraçar o mundo. Aprendi que não existem super-heróis. Também aprendi que nem sempre o que a gente pensa ser, é uma verdade universal.
Às vezes viver em um mundo de faz-de-conta não é tão divertido assim. Um mundo onde gigantes são meros cata-ventos e onde donzelas como Dulcinéia não passam de singelas Aldonzas. É preciso enfrentar a realidade, lutar friamente contra os gigantes e depois sentir-se vencedor de si mesmo. Procurar sempre melhorar, e dar valor a quem está do nosso lado, mesmo quando o mundo todo lhe é contra. Afinal, não é sempre que encontramos um escudeiro fiel como Sancho Pança.
Chamaria isso, talvez, A Busca por Meu Próprio Romance de Cavalaria. E mesmo depois de ter esquecido o lado "De La Mancha" de viver, continuaria a acreditar que em algum lugar desse mundo eu poderia esquecer das aparências, das obrigações e ser apenas quem eu desejar ser, expor minhas cicatrizes e me dar super bem com elas. De todos os sonhos, esse é o mais intenso.

- Mas como fazem essas crianças sem livros de história? - Perguntou Naftali.

E Reb Zebulun respondeu:

- Elas têm que se conformar. Livros não são como pão. Pode-se viver sem eles.

- Eu não poderia viver sem eles. - Disse Naftali.

( Isaac B. Singer, Naftali, o contador de histórias e seu cavalo sus)

. Um agradecimento a Miguel de Cervantes, por ter criado um dos melhores livros de todos os tempos, Dom Quixote de La Mancha.