Maheli, surtando, des-surtando, surtando de novo. õ/

"Como é difícil ser gênio no mundo de hoje! Tudo já foi inventado, descoberto, criado. Não deixaram nada, nadinha pra mim. Na idade da pedra, algum australopteco engraçadinho mexeu uns pauzinhos e foi considerado genial por descobrir o fogo. Mais tarde, um sujeito chamado Nero ateou esse mesmo fogo em Roma, o que não deixa de ser, por vias opostas, um fato igualmente genial. E, por fim, já descobriram o Brasil, o petróleo, Marte, o caminho pras Índias e até a cachorrinha Laika já pisou na lua. Mas, vamos lá, botarei essa minha cabeça pra funcionar! Deve haver algo que ainda não foi criado! Já sei! Escreverei a mais bela história de amor que o mundo já conheceu. Papel e caneta na mão: amor impossível, famílias rivais e final trágico. Tudo bem, tudo bem, dou a mão à palmatória! O que há de melhor já foi escrito, encenado e filmado por aí. Agora, convenhamos que no tempo do Shakespeare era muito mais fácil ser genial, afinal, ainda havia um vasto universo a ser criado, inventado, descoberto. Definitivamente, as coisas mais interessantes, úteis e inteligentes já existem há muito tempo: a roda, a escrita, a pilha alcalina, o computador, o rock n' roll, o fast-food, a mini-saia, etc. Até os inventos de segunda linha (aqueles bastante questionáveis, mas que obtiveram misterioso sucesso) parecem já estar esgotados: o guarda-chuva, a cadeira-de-praia, a azeitona preta, a country-music, o ralador de coco, a bicicleta ergométrica e o show da fé . Creio que até Thomas Edison enfrentaria dificuldades hoje em dia. Também contesto a alta produtividade do professor Pardal. Nos quadrinhos é fácil né? É lamentável, mas as evidências apontam a escassez da criatividade embora cada um ainda tente despontar como gênio de alguma forma. Mesmo que seja saindo da vida e entrando pra História, como fez o brilhante Getúlio. Agora, cá entre nós, tem gente que apela. Sinceramente? Eu não teria coragem de olhar no olho das pessoas se tivesse inventado um cortador elétrico de cenouras ou um quebrador de nozes. Mas, cada cabeça é um mundo - é o que dizem. Outra (obscura) tendência para o futuro é o que costumo chamar de ""pesadelo conceitual"". Uma faca de cozinha que também serve como calculadora, um catchup que já é maionese, celular que tira fotos e a tal bossa eletrônica tão em voga no momento. Mas, bem, não vou desistir. Se preciso for, me dedicarei a desenterrar fósseis e experimentar reações químicas de terceiro grau aqui em casa. Quem passar pela porta do meu quarto vai achar graça do aviso em letras graúdas: ''Não perturbe! Gênio criando, inventando, descobrindo''! "

Essa é uma das crônicas de uma escritora super fofa, Maíra Viana, que eu achei, por conscidência, muito parecida comigo. Porque eu andei pensando, e eu sempre fui muito variável sobre os meus desejos, sempre mudando de opinião, já quis ser tanta coisa, fazer tanta coisa, mas sempre acabava desistindo... E um dos únicos sonhos e desejos que me restaram foi esse: ser inventora. Sim, inventora. Coisa boba, mas meu maior sonho é ser uma daquelas cientistas bem loucas, ter um laboratório secreto de onde sairiam as descobertas mais cabulosas.. Mas é, tudo de bom que poderia existir já foi inventado [até o V.M já foi criado], não me restam muitas opções. O fato é: as pessoas precisam de coisas novas, precisam de algumas invenções pra tornar o dia delas mais interessante. São pessoas queridas que me cercam e parecem precisar tanto de uma até meia-invenção, e eu me coloco disposta a ajudar. Ei, mundo, eu serei a sua nova fazedora de "esconderijos de felicidade".
E foi ai que eu descobri a minha nova profissão. :D